Em novembro de 2025, greves em massa vão paralisar setores essenciais do país: a educação, a justiça e o petróleo. A FESINAP convocou paralisação para 21 de novembro, afetando diretamente o Agrupamento de Escolas de Odivelas em Portugal — um dos maiores complexos educacionais da região metropolitana de Lisboa. No mesmo dia, os Oficiais de Justiça entram em greve total, das 00:00 às 24:00, segundo aviso publicado no blog oficial da justiça. Enquanto isso, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) prepara o que pode ser a maior greve nacional da história recente do setor, com assembleias decisivas entre 22 de outubro e 5 de novembro, e paralisação prevista para o início do mês. A razão? A Petrobras rejeitou, com contundência, a pauta dos trabalhadores — e os petroleiros dizem que não há mais espaço para negociações vazias.
Na educação, o silêncio das escolas será um grito
O Agrupamento de Escolas de Odivelas, localizado na Rua Dr. Acácio de Azevedo, nº 28, não é apenas uma escola. É o coração da educação pública de Odivelas, onde mais de 3.200 alunos estudam diariamente. A greve da FESINAP, que representa servidores públicos em todo o território português, vem após anos de congelamento de salários, aumento da carga horária e falta de material didático. A secretaria da escola, acessível pelo telefone 234 747 747, já recebeu centenas de ligações de pais preocupados. "É a terceira vez em dois anos que nossos filhos perdem aula por causa de decisões tomadas em gabinetes distantes", disse uma mãe, que preferiu não se identificar. "Eles não veem a fome nas merendas, nem os professores cansados até o osso." A FESINAP não está sozinha. O SINASEFE, que representa os servidores da educação básica federal, já aprovou em sua 204ª Plenária Nacional, em 2 de agosto de 2025, um calendário de lutas que inclui mobilizações em novembro — mesmo que sua greve principal seja em setembro. "A greve de setembro foi um sinal. Novembro é o aviso final", afirmou um dirigente sindical ao jornal Diário da Educação. "Se o governo não voltar atrás, o sistema educacional entra em colapso."Justiça parada: os processos não esperam
Enquanto as escolas fecham, os tribunais também param. A greve dos Oficiais de Justiça é a mais inédita da década. Eles são os responsáveis por cumprir mandados, notificar réus, transportar presos e garantir que a lei seja executada. Sem eles, processos criminais, divórcios, execuções fiscais e até mesmo reintegrações de posse ficam suspensos. "É um caos controlado", disse um juiz de primeira instância em Coimbra. "Nós podemos julgar, mas não podemos executar. A justiça está virando teatro." A FESINAP e os Oficiais de Justiça uniram forças em um manifesto comum, exigindo reajuste salarial de 18%, reposição da inflação acumulada desde 2021 e contratação imediata de 5.000 novos servidores. "Não pedimos privilégios. Pedimos dignidade", diz o comunicado.Petróleo: a greve que pode mudar o país
Mas o centro da tempestade está no setor energético. A FNP não está apenas protestando — está declarando guerra. A proposta da Petrobras, apresentada em outubro de 2025, foi descrita pela diretoria como "um acinte repleto de ataques aos direitos históricos dos petroleiros". Entre os pontos rejeitados: a extinção da ultratividade do ACT, a redução do bônus de produtividade e a imposição de um novo modelo de avaliação de desempenho que pode levar à demissão de até 12% da força de trabalho. As caravanas da FNP estão se concentrando em Jacarepaguá, Búzios e Urucu — pontos estratégicos de operação offshore e onshore. Em Urucu, no Amazonas, onde trabalhadores vivem em regime de confinamento por semanas, os sindicalistas levaram alimentos, remédios e cartazes com frases como: "Nossa vida não é um cálculo de custo-benefício". A greve nacional está prevista para o início de novembro, mas a preparação começou em outubro. O ato dos aposentados da Petros, marcado para 29 de outubro no EDISEN, no Rio de Janeiro, é o primeiro sinal de que a mobilização é multi-geracional. "Meu marido trabalhou 38 anos na Petrobras. Hoje vive com R$ 1.200. Eles querem cortar o que resta", disse Maria do Carmo, 71 anos, pensionista e líder da associação dos aposentados.
O que vem depois? O impacto real
A DGERT, órgão responsável por monitorar greves em Portugal, já registrou 47 avisos prévios de paralisação para novembro de 2025 — o maior número em um único mês desde 2005. Em termos econômicos, a paralisação da educação afetará mais de 1,2 milhão de estudantes em Portugal. A justiça, com 180.000 processos pendentes, pode acumular atrasos de até 11 meses. E o petróleo? Se a greve durar mais de 10 dias, o Brasil pode perder até 300 mil barris por dia de produção — o equivalente a R$ 1,8 bilhão em receita diária. O governo federal, até agora, permanece em silêncio. "A política de não responder é a pior resposta possível", disse o economista Paulo Mendes, da Fundação Getulio Vargas. "Quando você ignora sindicatos que representam 2 milhões de trabalhadores, você não está evitando crise. Você está programando uma."Calendário resumido das greves de novembro de 2025
- 1º de novembro: Greve nacional da FNP no setor de petróleo (início da paralisação)
- 29 de outubro: Ato nacional dos aposentados da Petros (Rio de Janeiro e outras cidades)
- 21 de novembro: Greve simultânea da FESINAP (educação) e Oficiais de Justiça em todo o território português
- 29 de outubro: Dia Nacional de Luta do ANDES-SN em defesa do orçamento da educação pública
As perguntas que ninguém quer responder
Frequently Asked Questions
Como a greve dos petroleiros afeta o preço da gasolina no Brasil?
Se a greve durar mais de 10 dias, a produção de petróleo pode cair até 30%, o que levará à redução de abastecimento nos postos. O preço da gasolina pode subir até 15% em 15 dias, segundo estimativas da ANP. Regiões como Norte e Nordeste, que dependem de refinarias locais, serão as mais afetadas.
Por que a FESINAP está fazendo greve em Portugal e não no Brasil?
A FESINAP é uma federação portuguesa, com atuação exclusiva em instituições públicas de Portugal. O erro comum é confundi-la com sindicatos brasileiros, mas o Agrupamento de Escolas de Odivelas está localizado em Portugal, e a greve é específica do sistema educacional português, que enfrenta cortes semelhantes aos do Brasil, mas em contexto jurídico diferente.
O que é a ultratividade e por que ela é tão importante para os petroleiros?
A ultratividade garante que os termos do acordo coletivo vigente continuem em vigor até que um novo seja negociado. Sem ela, a Petrobras pode impor mudanças unilaterais. Para os petroleiros, isso é uma questão de sobrevivência: sem ultratividade, ganhos como o bônus de produtividade e o regime de jornada podem ser retirados a qualquer momento.
A greve dos Oficiais de Justiça pode liberar presos?
Não. A greve afeta o cumprimento de mandados e notificações, mas não libera presos. A segurança dos presídios e o transporte de detentos são garantidos por forças de segurança públicas. O problema é o atraso nos processos: quem está preso por dívida, por exemplo, pode ficar anos sem julgamento, e quem precisa de uma reintegração de posse pode perder seu imóvel por inércia judicial.
Quem está por trás da proposta da Petrobras que gerou tanta revolta?
A proposta foi elaborada pela diretoria da Petrobras, liderada pela presidente Magda Chambriard, com apoio da área de RH e da consultoria externa McKinsey. A FNP acusa a empresa de adotar uma estratégia de "economia de palito" — cortar custos em áreas sensíveis para manter lucros acima do esperado. Em 2024, a Petrobras distribuiu R$ 78 bilhões em dividendos, enquanto os salários reais caíram 9%.
Existe risco de greve geral em novembro?
Ainda não há convocação formal, mas a FNP e o ANDES-SN já articulam uma coordenação com outros sindicatos. Se a greve dos petroleiros for reprimida com violência ou se o governo ignorar os pedidos da educação e da justiça, o risco de uma greve geral é real. A última vez que isso aconteceu foi em 2017, e o país parou por 12 dias.